No texto de hoje, vemos um período em que Israel estava sendo oprimido durante vinte anos pelo rei de Canaã Jabim, que era temido por seus novecentos carros de ferro. Naquele tempo havia uma mulher juíza na região de Efraim que se chamava Débora, sempre que os filhos de Israel precisavam julgar alguma situação, procuravam a profetisa que tinha seu “escritório” debaixo de uma palmeira, pois naqueles dias não havia rei em Israel e cada um fazia o que era “reto” aos seus próprios olhos. (17.6; 21.25)
Conta o autor que Israel clama ao Senhor depois de longos anos de aflições; Débora que profetizava naqueles dias, transmitiu a palavra do Senhor à um homem chamado Baraque da tribo de Naftali que dizia: “…Vai e conduze contigo o exército ao monte Tabor. Toma contigo dez mil combatentes de Naftali e de Zebulom. Quando estiveres junto da corrente de Quisom, levarei a ti Sísara, o general do exército de Jabin, com seus carros e todas as suas tropas, e o entregarei às tuas mãos”. (4.6-7)
A ordem estava dada, o verbo imperativo “vai” destaca a ordenança do Senhor. Não bastasse isso, o Senhor ainda diz “…entregarei às tuas mãos”, em outras traduções encontraremos a palavra “darei nas tuas mãos”, era um presente, bastava obedecer e ser honrado, mas a resposta de Baraque à profetisa expressa sua falta de segurança e falta de confiança no Senhor: “…Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não irei”.
Se continuarmos lendo a história narrada, veremos que a contra resposta que Débora dá a este homem é exatamente o que ele mereceu, desonra… “…irei contigo, porém não será tua a honra da investida que empreendes; pois às mãos de uma mulher o Senhor entregará…”. Nada poderia ser pior pra um homem, naquela época uma mulher não tinha muita liberdade e nem honra comparada aos dias de hoje, mas o Senhor transfere a benção de um homem para uma mulher chamada Jael, que segundo o texto, tem o privilégio de ter o nome honrado nas Escrituras por salvar a nação de Israel tirando a vida do rei de Canaã.
Diante de uma passagem como esta eu me pergunto: “quantos presentes o Senhor já nos entregou e por falta de fé, medo, insegurança, falta de confiança em Deus, permitimos que outros abram o presente que nos foi oferecido?!”, pois foi exatamente o que aconteceu, o Senhor “deu” a Baraque, mas quem abriu e se alegrou foi Jael. Se olharmos para a história o homem tende a negar as bênçãos de Deus. Ele enviou um presente, seu Filho Jesus aos Judeus, e os Judeus o rejeitaram (Jo 1.11), quem “abriu os presente” foram os gentios; fez uma festa, mas os convidados rejeitaram, quem participou do banquete foram os que aceitaram o convite (Mt 22:1-14). Resumindo, Ele nos oferece a Vida Eterna ao lado Dele, um presente imerecido, basta crer Naquele que Ele enviou. Escolheremos a desonra? daremos continuidade à este ciclo de falhas?
Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!
Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Mt 23.37–Lc 13.34). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.

Rafael Soletti Martin