Vida Cristã

Venha o teu Reino

O GRANDE ANSEIO DA ALMA foi e será pouco aproveitado se pensarmos em reino como algo temporal, um império físico, delimitado a uma região. Como se para que a nossa causa fosse ouvida, precisássemos ir até ao rei daquele lugar, como antigamente.

Antes, para que a nossa sede de justiça seja saciada, precisamos entender o Reino como um Reinado, onde nós como súditos, fazemos não mais a nossa vontade, mas a do nosso Senhor. Pois seu decreto abrange toda a terra.

Nesse reinado, a vontade do Rei está gravada em nosso coração e, se precisarmos de algo, não precisaremos de intercessores para que nossa petição chegue ao Rei, pois a tecnologia desse reino é a mais avançada de todos os tempos, basta falar com Ele de onde estivermos e Ele nos ouvirá.

Também por Ele somos protegidos nesse Reino, não precisamos sair a luta contra os nossos inimigos. Pois o Senhor já pelejou e continua pelejando contra os nossos inimigos. Já vencemos porque Ele venceu.

Sendo assim, como participantes desse reinado precisamos pensar como o profeta:

Isaías 26.9 (RA): Com minha alma suspiro de noite por ti e, com o meu espírito dentro de mim, eu te procuro diligentemente; porque, quando os teus juízos reinam na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.

A seu serviço,

Rafael Soletti Martin, Bacharel e Licenciado em Teologia. Membro da Igreja Reformada do Brasil em São Paulo.

Vida Cristã

O Cristão Pode Beber e Vender Bebidas Alcoólicas?

UMA PEQUENA HISTÓRIA

Em 2011 no início da minha conversão, lembro-me que um amigo da igreja abriu uma lanchonete onde fazia Batatas Suíças, que por sinal eram uma delícia. Nunca mais encontrei uma Batata como aquela.

Também me lembro que na época, saíamos com os jovens da igreja para apreciar aquela delícia e também para dar um apoio àquele amigo empreendedor. Lembro-me na época que o pastor da igreja não visitava aquele estabelecimento porque ou ele viu, ou ele ficou sabendo que o irmão estava vendendo algumas latas de cerveja junto com as demais bebidas.

Foi uma situação constrangedora, aquele irmão empreendedor ficou algum tempo sem frequentar a igreja e o pastor foi irredutível. Esse rapaz era carismático e importante para nós jovens, ele era ativo e tinha mais tempo de igreja que alguns de nós.

Eu presenciei o pastor dizendo que não iria atrás daquele jovem, pois ele deveria se arrepender e voltar à igreja. O pastor argumentou que quando o filho pródigo em Lucas 15.11-32 deixou seu pai, o pai não foi atrás, mas o filho que teve que retornar.

Passou um tempo, o jovem se reconciliou com o pastor, mas teve que remover a cerveja do expositor de bebidas. Daí em diante, o pastor começou a frequentar o estabelecimento que não permaneceu por muito tempo e fechou.

Não quero entrar no mérito se o comércio fechou as portas por isso ou não, mas na época eu não tinha condições teológicas para analisar a questão ou ter uma opinião formada sobre o caso. Entretanto, depois de 11 anos eu quero fazer algumas observações.

O QUE LEVA PASTORES A TEREM ESSA ORTOPRAXIA?

Existe uma doutrina chamada Arminiana que predomina em igrejas pentecostais. Essa doutrina ensina que o homem tem participação em sua salvação. É uma sinergia, como se Deus fizesse 99.99% do necessário para um homem ser salvo da condenação do inferno, mas 0,01% depende do homem. Ou seja, Deus exige a fé em Cristo e Sua Obra para a justificação do pecador. Uma vez que a salvação é uma possibilidade e depende dessa cooperação mútua, se o homem não perseverar em sua parte ele pode cair da salvação, perdê-la.

Posto isso, o pressuposto desses irmãos pentecostais é que o homem tem que se esforçar para terminar sua caminhada bem. Isso gera uma certa cobrança desses líderes, seus sermões estão cheio de exortações aos crentes para se manterem firmes. Nesse pensamento é possível que uma pessoa fiel à Deus por toda a sua vida, possa perder sua salvação dependendo do pecado que cometa minutos antes da sua morte. Daí surgem práticas, das quais o legalismo é uma delas. Composto por cristãos que acreditam que são mais santos e mais cumpridores da Lei moralmente falando do que os outros. Podem cair numa verdadeira disputa religiosa, acabam cometendo o erro do julgamento temerário.

Como esse é um blog reformado, preciso deixar bem claro que nós adeptos da reforma protestante e do calvinismo não cremos assim e acreditamos que esse não é um ensino bíblico em um todo, mas normalmente removido de textos isolados. Não pretendo refutar isso diretamente, pois vou acabar saindo do propósito do post. Sigamos…

O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE A BEBIDA EM SI?

Proibição Bíblica contra a embriaguez

  • A embriaguez é um pecado (Dt 21.20; Ec 10.17; Lc 12.45; 21.34; Rm 13.13; 1Co 5.11; Ef 5.18; 1 Pe 4.3)
  • Nenhum sacerdote consumirá álcool no desempenho de suas funções (Lv 10.9; Ez 44.21), embora possa consumi-lo fora do trabalho (Nm 18.22,27,30).
  • O rei não deve aplicar a lei embriagado (Pv 31.4-5).
  • Um presbítero ou pastor não pode ser alcoólatra (1 Tm 3.3; Tt 1.7).
  • Nenhum bêbado herdará o reino de Deus (1Co 6.10; Gl 5.21)

Exemplos bíblicos de problemas causados pela embriaguez

  • Incesto (Gn 19.32-35)
  • Violência (Pv 4.17)
  • Adultério (Ap 17.2)
  • Zombaria e pancadaria (Pv 20.1)
  • Pobreza (Pv 21.17)
  • Consumo noturno e diurno (Is 5.11-12)
  • Alucinações (Is 28.7)
  • Tolices legendárias e suborno (Is 5.22)
  • Assassinato (2Sm 11.13-15)
  • Glutonaria e pobreza (Pv 23.20-21)
  • Vômito (Jr 25.27; 48.26; Is 19.14)
  • Andar cambaleante (Jr 25.27; Sl 107.27; Jó 12.25)
  • Loucura (Jr 51.7)
  • Gritaria misturada com gargalhada seguida de sonolência prolongada (Jr 51.39)
  • Nudez (Hc 2.15; Lm 4.21)
  • Preguiça (Jl 1.5)
  • Fuga da realidade (Os 4.11)
  • Depressão (Lc 21.34)
  • Noite sem dormir na farra (1Ts 5.7)

Ocasiões apresentadas pela Bíblia para a ingestão de álcool, com moderação

  • Celebrações (Gn 14.17-20)
  • Na Ceia do Senhor (Mt 26.29; Mc 14.25; Lc 22.18)
  • Com propósitos medicinais ( Pv 31.6; 1Tm 5.23)
  • Na adoração (Ex 29.40; Nm 28.14; Mt 26.27; 1Cr 11.25-26)
  • Em agradecimento a Deus (Pv 3.9-10)
  • Em momentos de felicidade (Dt 14.26)

A Bíblia não condena o uso da bebida alcoólica. Muito pelo contrário, o próprio Cristo transformou água em vinho, bebeu e foi acusado pelos legalistas religiosos de sua época:

Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! Mas a sabedoria é justificada por suas obras.

Mt 11.19; Lc 7.34 (RA)

Sabemos que toda a Bíblia foi inspirada por Deus, e que os Salmos são cânticos à Deus que eram inspirados e usados pelo povo de Deus para louvor e adoração, vejamos o que ele diz se referindo a perfeição da criação de Deus:

Fazes crescer a relva para os animais
e as plantas, para o serviço do homem,
de sorte que da terra tire o seu pão,
o vinho, que alegra o coração do homem,
o azeite, que lhe dá brilho ao rosto,
e o alimento, que lhe sustém as forças.

Sl 104.14-15 (RA)

COMO A IGREJA VIA ESSE ASSUNTO NA HISTÓRIA?

…outros estudos sobre a história da igreja me levaram a descobrir um grande número de homens de Deus, de diferentes gerações, que também apreciavam o álcool. Santo Gall foi missionário entre os Celtas e um renomado cervejeiro. Após o reinado de Carlos Magno, a igreja passou a ter exclusividade como fabricante de cerveja na Europa. Quando uma jovem estava se preparando para casar, sua igreja criou uma cerveja especial para ela (a ale, de fermentação alta), de onde derivamos a palavra nupcial. O pacote de remuneração anual do pastor João Calvino incluía mais de 900 litros de vinho para serem degustados por ele e seus hóspedes. Martinho Lutero, certa vez, escrevendo sobre a Reforma, afirmou que “enquanto descansava e tomava uma cerveja com Philip e Amsdorf, Deus havia desfechado um poderoso um poderoso golpe no Papado”. Catarina, a esposa de Lutero, era uma habilidosa cervejeira, e, nas cartas de amor que recebia do reformador, ele lamentava a impossibilidade de beber a cerveja da esposa. E quando os Puritanos aportaram no rochedo de Plymouth, o primeiro prédio construído foi o da cervejaria.

DRISCOLL Mark. Reformissão. Pág 144. (TEMPO DE COLHEITA. 2009)

Eu poderia mencionar aqui os proibicionistas que proíbem o que a bíblia não proibiu. Os abstencionistas que afirmam que não é proibido, mas que deve ser evitado por motivos de escândalo e assim, implicitamente, podem acusar o próprio Deus por ter-nos dado o vinho sem levar em consideração os mais fracos. Por fim, os moderados no que diz respeito ao uso do álcool são os mais bíblicos, pois afirmam que o uso não é pecado, desde que guiado pelo bom senso cristão, pelo domínio próprio, sem julgar os outros.

Nas Igrejas Reformadas no Brasil e pelo mundo afora, até hoje a igreja celebra o sacramento da Santa Ceia com o vinho verdadeiro. Algumas igrejas distribuem junto com o vinho o suco de uva, optativo no caso de alguma restrição médica pessoal.

CONCLUSÃO

Não sei se você percebeu, mas até agora, nenhum texto bíblico proíbe a comercialização de bebidas alcoólicas. Também não classifica porcentagem de álcool lícita ou ilícita. Sendo assim, seja bebida forte, seja bebida fraca, tudo é alcoólico e deve ser encarado da mesma maneira.

Sabendo de tudo isso, acredito que o cristão não deva entrar em qualquer tipo de comércio com finalidade lucrativa. Se o estabelecimento for um centro de bebedeiras e libertinagem, um local que promove a devassidão e orgias, nenhum cristão verdadeiro deveria promover, ser conivente ou frequentar.

Todo o estabelecimento cristão deveria ter uma variedade de opções para o consumidor. É claro que não existe lógica alguma vender pinga numa lanchonete junto com suco e cerveja. Me entenda. Mas no caso da história que contei lá em cima, nosso irmão não estava errado em servir cerveja, pois era um contexto familiar e para refeição. Dificilmente quem procura um lugar como esse para matar a fome vai com a intenção de beber até se embriagar.

Todo ser humano que faz compras em Super Mercados inclusive esses pastores que proíbem o uso e comercialização, frequentam mercados que vendem de tudo e mais um pouco. Nem por isso caem em pecado ou podem acusar aqueles que vendem.

Por fim, termino com a citação de Lutero sobre como lidar com coisas do tipo:

Você acha que os abusos são eliminados pela destruição do objeto que é abusado? Os homens podem agir mal em relação ao vinho e às mulheres, mas nem por isso devemos proibir e abolir as mulheres.

Jim West, Drinking with Calvin and Luther (Lincoln, Califórnia: Oakdown, 2003, 29.

A seu serviço,

Rafael Soletti Martin, Bacharel e Licenciado em Teologia. Membro da Igreja Reformada do Brasil em São Paulo.

Vida Cristã

Cristãos Reformados devem apoiar Putin?

Recentemente compartilhei um pedido da ARP NEWS de oração e doações para ajudar os refugiados que estão fugindo da guerra na Ucrânia . Anteriormente, eu havia compartilhado um pedido de oração pedindo oração pelo povo da Ucrânia e adicionei meu próprio pedido para que as pessoas também orassem pelo Seminário Evangélico Reformado da Ucrânia e seus professores, famílias e alunos.

Aparentemente, esses dois pedidos foram demais para um dos meus amigos cristãos reformados do Facebook que me enviou uma mensagem exigindo saber por que a ARP (sigla em inglês) e eu estávamos orando e apoiando os ucranianos que, segundo ele, são amantes do aborto, “Globohomos” em vez disso. dos russos que ele caracterizou como uma nação cristã sob um líder cristão que havia proibido o aborto e a homossexualidade.

Eu escrevi a seguinte resposta para ele, mas não consegui enviá-la, pois ele me bloqueou logo após enviar sua mensagem. Como estou descobrindo que há muitos outros cristãos reformados no Facebook que têm opiniões semelhantes, decidi publicar minha resposta publicamente.

“Obrigado por me escrever, tentei responder às preocupações sobre a Rússia e a Ucrânia que você levantou em sua mensagem, também tentei incluir links que respaldem tudo o que afirmei aqui.

Chamar a Rússia de “nação cristã” é extremamente problemático, para dizer o mínimo. É verdade que o regime de Putin tem laços extremamente estreitos com a Igreja Ortodoxa Russa (IOR) e não seria exagero dizer que a Igreja Ortodoxa Russa é quase a igreja estabelecida da Rússia, mas como muitas igrejas estabelecidas, a IOR usa sua fortes laços com o Estado para tentar eliminar outros grupos religiosos dentro de seu país. Nos últimos anos, o governo russo impôs leis que tornam ilegal a evangelização fora de uma igreja oficialmente reconhecida e as tentativas de atrair pessoas de fora para a sua igreja são consideradas atividades missionárias ilegais. Como resultado, tentar plantar uma nova igreja reformada na Rússia é muito difícil, pois o processo de persuadir os não-membros a se juntarem a ela é tecnicamente ilegal. As leis russas que restringem a atividade religiosa não-IOR pioraram muito em 2021, quando Putin assinou uma emenda à lei religiosa da Rússia destinada a “proteger a soberania espiritual da Rússia”. A lei exige que, se um missionário ou pastor recebeu seu treinamento religioso fora da Rússia, digamos, em um seminário reformado na América ou na Europa, ele tenha que passar por um processo de reeducação obrigatória do estado e depois ser certificado pelas autoridades locais. Outras leis tornam ilegal que organizações religiosas usem seus próprios identificadores religiosos em seus nomes, a menos que sejam autorizados a fazê-lo pelo governo. Igrejas e membros da igreja frequentemente se encontram sob vigilância do estado e igrejas e seminários protestantes foram fechados pelo governo e suas congregações proibidas de usá-los.

A verdadeira liberdade de religião existe em um país quando:

1) O governo não dá preferência a nenhuma religião ou grupo anti-religioso sobre os outros.

2) O clero pode cumprir todos os seus deveres religiosos sem violência ou perigo.

3) As leis desse país não interferem nem impedem o livre exercício da religião das pessoas comuns e todos os cidadãos são livres de conduzir a sua vida de acordo com a sua própria profissão de fé.

4) O magistrado civil cuida de proteger ativamente o livre exercício da religião e, como resultado, as assembléias religiosas podem ocorrer sem molestamento, violência ou perturbação.

Todos os quatro princípios acima são ativamente violados na Rússia e, portanto, podemos dizer com segurança que a liberdade de religião não existe na Rússia.

Também é importante notar que a Igreja Ortodoxa Russa, que é virtualmente a igreja estatal russa, nega formalmente todos os Solas da Reforma, incluindo a justificação pela fé somente, e quase todos os princípios da fé reformada, incluindo todos os cinco pontos do calvinismo. A Igreja Ortodoxa Russa também tem sete sacramentos, não os dois dados por Cristo na Bíblia. Como cristãos reformados, podemos afirmar, portanto, que a Igreja Ortodoxa Russa não tem as marcas de uma verdadeira igreja e que não acreditamos que as pessoas possam ser salvas crendo no que ensinam.

Em contraste, há muito maior liberdade religiosa na Ucrânia e estabelecer igrejas e seminários e evangelizar é muito, muito mais fácil do que na Rússia e enquanto a Igreja Ortodoxa Ucraniana também não está feliz com a plantação de novas igrejas não-ortodoxas, elas não têm a mesma relação de mão em luva com o estado ucraniano que o ROC tem com o estado russo. Por esta razão, muitas organizações reformadas estabeleceram suas igrejas e seminários na Ucrânia, onde também foi possível treinar pastores russos, mesmo que fossem sujeitos a restrições quando retornassem à Rússia. Muitas outras igrejas NAPARC (sigla em Inglês) têm fortes laços com a Ucrânia e foram uma parte vital para ajudar a estabelecer a Igreja Evangélica Presbiteriana da Ucrânia em 2008.

Uma medida de quão mais difícil é plantar e manter uma igreja na Rússia, em oposição à Ucrânia, pode ser vista no que aconteceu com as igrejas evangélicas existentes na Crimeia depois que a Rússia tomou essa área da Ucrânia em 2014. Pentecostal, Batista e outros Igrejas protestantes que não haviam sido anteriormente submetidas à perseguição do estado de repente viram-se alvos de ataques do governo, multas e intimidações. As condições na região separatista pró-Rússia de Donbas, que está sob controle russo de fato, eram ainda piores. Naquela região, a Aliança Batista Mundial relata que 40 de suas igrejas de Donbas foram acusadas de serem “terroristas” e fechadas pelo governo regional.

As implicações de tudo isso para quem apoiamos devem ser óbvias, se escolhermos apoiar Putin com base em sua estreita relação com a Igreja Ortodoxa Russa, estamos escolhendo apoiar um governo que promoverá os interesses de uma forma de cristianismo nós não cremos que prega o evangelho e não podemos salvar as pessoas e tornar mais difícil para nós plantarmos igrejas protestantes e reformadas naquela área do mundo. Isso é mais do que ser um protestante em 1588 e decidir apoiar a Armada Espanhola porque gostávamos mais do conservador Rei Filipe II da Espanha do que da mais libertina Rainha Elizabeth I.

Como cristãos, nossos corações também devem ser torcidos pela atual crise humanitária na Ucrânia, que está rapidamente se tornando a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e está ocorrendo por causa da atividade militar russa. Portanto, nossos esforços no momento devem ser direcionados para onde a necessidade é maior entre os refugiados indigentes que estão fluindo para os países que fazem fronteira com a Ucrânia ocidental. Nossos missionários nessas áreas não apenas têm a oportunidade de aliviar as necessidades físicas dessas pessoas deslocadas, mas também têm a oportunidade de alcançar pessoas com o Evangelho que antes nunca teriam ido a um missionário para perguntar sobre a salvação pela fé em Jesus Cristo. .

Sobre aborto, homossexualidade e globalismo; embora seja verdade que o regime russo se diz mais contrário ao aborto do que o governo ucraniano, o aborto eletivo ainda é legal na Rússia até a 12ª semana e a Rússia teve o maior número de abortos por mulher em idade fértil no mundo de acordo com dados da ONU a partir de 2010. Além disso, vários países europeus também têm leis de aborto muito mais restritivas do que a Rússia. Em contraste, o aborto é realmente proibido na Polônia, uma nação da OTAN com fortes laços com o Ocidente.

Da mesma forma, enquanto a Rússia proibiu a divulgação de “propaganda homossexual”, a homossexualidade e o transgênero ainda são legais na Rússia e, embora muito tenha sido feito sobre o fato de a Rússia proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o mesmo acontece com a Ucrânia e todos os outros países da Europa Oriental. Além disso, não há poder espiritual na forma de cristianismo que Putin endossa. Falta o que Chalmers chamou de “O Poder Expulsivo de uma Nova Afeição”. Como resultado, não há uma verdadeira moralidade cristã crescendo na Rússia de Putin. Isso é evidente no fato de que as taxas de casamento e natalidade na Rússia estão entre as mais baixas da Europa e tendem a cair, enquanto as taxas de divórcio continuam a subir. Além disso, enquanto a maioria dos russos se autodenominam cristãos, apenas cerca de 7% dos russos frequentam a igreja.

Tudo isso mostra que a Rússia dificilmente é o último bastião da moralidade cristã na Europa, com oligarcas enriquecendo por meio de negócios obscuros e uma enorme quantidade de crime organizado, tráfico de armas, tráfico de seres humanos e prostituição sendo ignorados pelo estado. Espero que você me perdoe se eu também apontar que a análise de dados de usuários do Pornhub em 2014 indicou que “pornografia de sexo anal” é mais popular na Rússia do que em qualquer outro país.’

O próprio Putin também não é um modelo moral. Ele é um ex-autocrata da KGB que teve filhos fora do casamento com sua amante ginasta olímpica com quem ele acabou se mudando depois de se divorciar de sua esposa sofrida. Sua própria corrupção pessoal é lendária; não só ele ganhou milhões e possivelmente bilhões por meio de suborno e corrupção, mas também assassinou seus oponentes políticos e aqueles que o investigam, fechou jornais e outras fontes de mídia e permitiu todos os tipos de atividades criminosas, desde que ele e seus amigos se beneficiassem. deles. Em um sentido moral, ele não é diferente de inúmeros outros ditadores da história, incluindo os chineses e iranianos que, embora não sejam nominalmente cristãos, também são nacionalistas que não gostam da homossexualidade.

Finalmente, retratar a Rússia como a última das nações nacionalistas não globalistas também é enganoso, para dizer o mínimo. Muitas outras nações têm um alto grau de orgulho nacional, incluindo nações como China, Índia e Polônia, e nenhuma outra nação na terra está demonstrando mais patriotismo no momento do que a Ucrânia. Quanto a ser contra o globalismo, a Rússia deseja fazer parte da economia global tanto quanto qualquer outra pessoa, mas foi isolada dela por causa de suas ações e formou suas próprias alianças com outras nações que foram evitadas por causa de seu histórico de direitos humanos como Irã, China e Síria. Seu globalismo antiocidental certamente não é algo que eles escolheram para si mesmos e Vladimir Putin teria tentado ingressar na OTAN em 2000 e disse ao entrevistador David Frost: “A Rússia faz parte da cultura européia.

Agora, estou emocionado que, como a maioria dos europeus, Zelensky seja uma espécie de liberal social? De modo algum, mas sei que poderia sobreviver, pregar, discordar politicamente e evangelizar em uma nação governada por Zelensky, não posso dizer o mesmo das minhas chances em uma nação governada por Putin.”

Wes Bredenhof nasceu em Taber, Alberta, Canadá. Graduou-se com um grau de Bacharel em Artes pela Universidade de Alberta em Edmonton. Ele recebeu o grau de Mestre em Divindade do Seminário Teológico Reformado Canadense em Hamilton, Ontário. Ele também recebeu o Diploma de Missiologia da CRTS. Leia mais.

Links:

https://www.christianitytoday.com/news/2016/july/russia-ban-evangelism-effect.html

https://www.christianitytoday.com/news/2017/april/uscirf-ranks-russia-worst -violators-religious-freedom-cpc.html

https://joynews.co.za/christian-leaders-to-challenge-closure-of-protestant-church-in-russia-in-bid-to-halt-other- desligamentos/

https://www.christianitytoday.com/news/2021/october/russia-ministry-training-law-seminary-moscow-religious-free.html

https://www.rferl.org/a/russia-worst -violators-religious-freedom-report-iran-turkmenistan/31215737.html

https://www.christianitytoday.com/news/2022/february/crimea-russia-protestant-christians-religious-freedom.html

https://talkabout.iclrs.org/2021/05/03/forb_in_russia/

https:/ /www.persecution.org/2021/06/01/russia-tightens-restrictions-churches-missionary-activity/

https://www.courageouschristianfather.com/russia-among-most-dangerous-places-for-christians-per -open-doors-world-watch-list/

https://orthochristian.com/46465.html

https://www.nationalreview.com/corner/in-some-ways-this-is-a-religious-war/

https://www.theguardian.com/news/2018/mar/23/how-organised-crime-took-over-russia-vory-super-mafia

https://en.wikipedia.org/wiki/Abortion_in_Russia

https: //www.statista.com/statistics/1009719/russia-marriage-and-divórcio-rate/

https://www.pewresearch.org/fact-tank/2018/12/05/how-do-european-countries-differ-in-religious-commitment/

https://www.pewforum.org/2017/05/ 10/religious-commitment-and-practices/


https://www.theguardian.com/world/2021/nov/04/ex-nato-head-says-putin-wanted-to-join-alliance-early-on- em sua regra

Vida Cristã

A ÚLTIMA CARTA DE UM MÁRTIR PARA SUA ESPOSA

Se você pertence a uma igreja reformada com raízes holandesas, provavelmente conhece a Confissão Belga. Foi escrito em 1561 por Guido de Brès, um pastor reformado no sul da Holanda, no que hoje é conhecido como Bélgica. A Confissão Belga é notável porque é a única confissão eclesiástica escrita por um mártir. De Brès foi martirizado pelos governantes espanhóis da Holanda em 31 de maio de 1567. Cerca de seis semanas antes, ele escreveu sua última carta para sua esposa Catarina. É um testemunho comovente não apenas do terno amor de Guido por sua esposa, mas também do evangelho que ele pregou e de seu Salvador Jesus.

Carta de conforto de Guido de Brès para sua esposa

A graça e misericórdia do nosso bom Deus e Pai celestial, e o amor de Seu Filho, nosso Salvador Jesus Cristo, esteja contigo, minha caríssima amada.

Catherine Ramon, minha querida e amada esposa e irmã em nosso Senhor Jesus Cristo: tua angústia e tristeza perturba um tanto a minha alegria e a felicidade do meu coração. Por isso, escrevo isto para consolo de nós dois e, em especial, para teu consolo, visto que sempre me amaste com ardente afeição e porque apraz ao Senhor separar-nos um do outro. Eu sinto mais intensamente o teu sofrimento por essa separação que o meu. Eu te imploro para que não te perturbes demais com isso, por temor de ofender a Deus. Quando casaste comigo, sabias que estavas desposando um marido mortal, com a vida incerta, e, ainda assim, agradou a Deus permitir-nos viver juntos por sete anos, dando-nos cinco filhos. Tivesse o Senhor desejado que vivêssemos juntos por mais tempo, ele teria providenciado os meios. Porém, não lhe agradou fazer isso e que sua vontade seja feita.

Agora, lembra-te de que eu não caí nas mãos dos meus inimigos por mero acaso, mas por meio da providência do meu Deus, que controla e governa todas as coisas, a menor assim como a maior. Isso é demonstrado nas palavras de Cristo: “Não temais. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não se vendem cinco pardais por dois asses? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. Não temais, pois! Bem mais valeis vós do que muitos pardais.” Essas palavras da divina sabedoria que Deus conhece o número dos meus fios de cabelo. Como, pois, o mal pode vir a mim sem a ordem e a providência de Deus? É por isso que o Profeta diz que não há aflição na cidade que o Senhor não tenha desejado.

Muitos homens santos que vieram antes de nós consolaram-se em suas aflições e tribulações com essa doutrina. José, que fora vendido por seus irmãos e levado ao Egito, diz: “Vocês cometeram um mal, mas Deus o tornou em seu bem. Deus enviou-me ao Egito antes de vocês para seu ganho” (Gênesis 50). Davi também experimentou isso quando Simei o amaldiçoou. E semelhantemente no caso de Jó e muitos outros. E é por isso que os evangelistas escrevem tão cuidadosamente sobre os sofrimentos e a morte do nosso Senhor Jesus Cristo, acrescentando: “Isso aconteceu para que se cumprisse aquilo que foi escrito dEle.” O mesmo deve ser dito sobre todos os membros de Cristo.

É bastante verdadeiro que a razão humana rebela-se contra essa doutrina e a enfrenta o quanto for possível, e eu mesmo tenho uma experiência bastante forte com isso. Quando fui preso, dizia a mim mesmo: “Tantos de nós não deveriam ter viajado juntos. Nós fomos traídos por esse ou por aquele. Não deveríamos ter sido presos.” Com tais pensamentos, tornei-me sobrecarregado, até meu espírito ser reanimado por meio da meditação na providência de Deus. Então, meu coração passou a sentir grande paz. Comecei, então, a dizer: “Meu Deus, tu me fizeste nascer na época em que ordenaste. Durante toda a minha vida, guardaste-me e preservaste-me de grandes perigos, e livraste-me de todos eles – e, se no presente, é chegada a minha hora de passar desta vida para ti, que tua vontade seja feita. Não posso escapar das tuas mãos. E, se eu pudesse, não o faria, visto que é minha felicidade conformar-se à tua vontade.” Esses pensamentos tornaram meu coração novamente alegre.

E eu te suplico, minha querida e fiel companheira, que una-te a mim em gratidão a Deus pelo que ele tem feito. Porque ele não faz algo que não seja justo e mui equânime, e deves crer que é para meu bem e minha paz. Tens visto e sentido as lutas, aflições, perseguições e dores que suportei, e até experimentaste parte delas ao acompanhar-me em minhas viagens durante o período de meu exílio. Agora, meu Deus estendeu sua mão para receber-me em seu bendito reino. Eu o verei antes de ti e, quando agradar ao Senhor, tu me acompanharás. Essa separação não é para sempre. O Senhor também te receberá para unir-nos novamente em nosso cabeça, Jesus Cristo.

Este não é o lugar da nossa habitação – que está no céu. Este é apenas o local da nossa jornada. É por isso que ansiamos por nosso verdadeira pátria, que é o céu. Nós desejamos ser recebidos na casa do nosso Pai Celestial, ver nosso Irmão, Cabeça e Salvador Jesus Cristo, ver a nobre companha dos patriarcas, profetas, apóstolos e muitos milhares de mártires, em cuja companha espero ser recebido quando encerrar o percurso da obra que recebi do meu Senhor Jesus Cristo.

Eu te peço, minha caríssima amada, que te consoles com a meditação nessas coisas. Considera a honra que Deus te atribuiu, ao dar-te um marido que não somente foi um ministro do Filho de Deus, mas era tão estimado por Deus que ele o permitiu possuir a coroa dos mártires. É uma qualidade de honra que Deus jamais concedeu aos anjos.

Eu estou feliz; meu coração está leve e nada falta em minhas aflições. Estou tão cheio da abundância das riquezas do meu Deus que tenho o bastante para mim e todos aqueles com quem posso conversar. Assim, oro ao meu Deus que mantenha sua bondade comigo, seu prisioneiro. Aquele em quem confiei o fará, pois descobri por experiência que ele jamais abandonará aqueles que confiaram nele. Nunca imaginei que Deus pudesse ser tão gentil com uma criatura tão miserável quanto eu. Eu percebo a fidelidade do meu Senhor Jesus Cristo.

Agora, estou praticando o que preguei a outros. E devo confessar que, quando eu pregava, falava sobre as coisas que atualmente experimento como um cego fala das cores. Desde que fui preso, tenho me beneficiado mais e aprendido mais que durante todo o restante da minha vida. Eu estou em uma escola ótima: o Espírito Santo me inspira continuamente e me ensina como usar as armas neste combate. Do outro lado está Satanás, o adversário de todos os filhos de Deus. Ele é como um violento leão que ruge. Ele me rodeia constantemente e procura ferir-me. Todavia, aquele que disse “não temas porque eu venci o mundo” me faz vitorioso. E, desde já, vejo que o Senhor coloca Satanás sob meus pés e sinto o poder de Deus aperfeiçoado em minha fraqueza.

Nosso Senhor me permite, por um lado, sentir minha fraqueza e pequenez, que nada sou senão um pequeno vaso na terra, mui frágil, a fim de que ele me humilhe, para que toda a glória da vitória seja dada a ele. Por outro lado, ele me fortalece e me consola de um modo inacreditável. Eu tenho mais conforto que os inimigos do evangelho. Eu como, bebo, e descanso melhor do que eles. Estou encarcerado em uma prisão muito forte, muito fria, escura e sombria. Por causa de sua escuridão, a prisão é conhecida pelo nome de “Brunain” [Brownie]. O ar é terrível e ela fede. Em meus pés e mãos, tenho grilhões, grandes e pesados. Eles são um inferno contínuo, escavando meus membros até meus miseráveis ossos. O comandante vem examinar meus grilhões duas ou três vezes ao dia, temendo que eu escape. Há três guardas de quarenta homens em frente à porta da prisão.

Eu também recebo visitas do Monsieur de Hamaide. Diz ele que vem para ver-me, consolar-me e exortar-me à paciência. Entretanto, ele vem após o jantar, depois de ter vinho na cabeça e o estômago cheio. Você pode imaginar o que são essas consolações. Ele me ameaça e diz que se eu demonstrasse qualquer intenção de escapar, ele teria me acorrentado pelo pescoço, o tronco e as pernas, para que eu não pudesse mover um dedo; e ele diz muitas outras coisas nesse sentido. Mas, apesar de tudo, meu Deus não retirou suas promessas, consolando meu coração, concedendo-me muito contentamento.

Porque tais coisas aconteceram, minha querida irmã e fiel esposa, eu te imploro que, em tuas aflições, encontres conforto no Senhor e entregue teus problemas a ele. Ele é o marido das viúvas crentes e pai dos órfãos pobres. Ele jamais te abandonará – disso posso te assegurar. Conduza-te como uma mulher cristã, fiel no temor do Senhor, como sempre o fizeste, honrando por meio de uma vida e conversas excelentes a doutrina do Filho de Deus, que teu marido pregou.

Como sempre me amaste com grande afeição, peço que mantenhas esse amor com relação aos nossos filhinhos, instruindo-lhes no conhecimento do verdadeiro Deus e de seu Filho Jesus Cristo. Seja pai e mãe deles, e cuida para que eles usem com honestidade o pouco que Deus te deu. Se Deus te conceder o favor de permitir que, após minha morte, vivas na viuvez com nossos filhos, tudo ficará bem. Se não puderes, e os bens faltarem, então encontre algum homem bom, fiel e temente a Deus. E, quando eu puder, escreverei aos nossos amigos para que te protejam. Penso que eles não te deixarão em necessidade de qualquer coisa. Retorna à tua rotina habitual depois que o Senhor tiver me levado. Tens contigo nossa filha Sarah, que logo será crescida. Ela será tua companheira e te auxiliará em teus problemas. Ela te consolará nas tribulações e o Senhor sempre estará contigo. Saúda nossos bons amigos em meu nome, e peça que orem a Deus por mim, para que ele me dê força, articulação e a sabedoria e capacidade de preservar a verdade do Filho de Deus até o fim e o último fôlego da minha vida.

Adeus, Catherine, minha querida amada. Eu oro a meu Deus para que te conforte e conceda contentamento segundo sua boa vontade. Eu espero que Deus tenha me dado a graça de escrever para teu benefício, de tal forma que sejas consolada neste mundo miserável. Guarda minha carta como lembrança de mim. Está mal escrita, mas é o que posso, não o que desejo, fazer. Recomenda-me à minha boa mãe. Eu espero escrever algum consolo a ela, se agradar a Deus. Saúda também minha boa irmã. Que ela possa entregar sua aflição a Deus. A graça esteja contigo.

Da prisão, 12 de abril de 1567.

Teu fiel marido, Guido de Brès, ministro da Palavra de Deus em Valenciennes, e presentemente prisioneiro pelo Filho de Deus no local supracitado.

Ele foi enforcado em 31 de maio de 1567.

Wes Bredenhof nasceu em Taber, Alberta, Canadá. Graduou-se com um grau de Bacharel em Artes pela Universidade de Alberta em Edmonton. Ele recebeu o grau de Mestre em Divindade do Seminário Teológico Reformado Canadense em Hamilton, Ontário. Ele também recebeu o Diploma de Missiologia da CRTS. Leia mais.

Fonte:

https://ia800901.us.archive.org/30/items/UmMartirDaReformaConfortaSuaEsposa/Um%20M%C3%A1rtir%20da%20Reforma%20Conforta%20Sua%20Esposa.pdf

Vida Cristã

Reformado = Anti-Revolucionário

Meu pai era piloto da Polícia Montada Real do Canadá e, quando menino, eu tinha muito orgulho dele. Em seu trabalho, ele voou com algumas pessoas famosas (e infames). Provavelmente o mais famoso de todos foi o primeiro-ministro do Canadá. Isso aconteceu por volta de 1980. O primeiro-ministro Pierre Elliot Trudeau tirou férias em turnê pelo Ártico. Estávamos morando em Inuvik, NWT. Meu pai foi encarregado de levar o primeiro-ministro Trudeau de Yellowknife para vários outros pontos do Ártico. Achei isso bem legal. 

Alguns anos depois, eu estava tentando impressionar alguns amigos em minha nova escola em Alberta. Eu disse a eles que meu pai tinha voado com o primeiro-ministro Trudeau. Eu realmente não prestei muita atenção à política naquela época. Recém-chegado na cidade, não fazia ideia de que o PM era extremamente impopular em Alberta. Então, fiquei surpreso quando meus amigos responderam: “Bem, por que seu pai não fez um favor a todos nós e o expulsou do avião enquanto ele estava voando?” 

Talvez você possa perdoar esses tipos de sentimentos vindos de aspirantes a caipiras de 9 anos. À medida que envelhecia, desenvolvi um nível semelhante de animosidade em relação ao primeiro-ministro, especialmente por sua amizade com Fidel Castro, sua introdução do bilinguismo oficial e o Programa Nacional de Energia. Hoje o Canadá tem Justin Trudeau (filho de Pierre) como primeiro-ministro. A hostilidade em relação a ele entre alguns é igual, se não maior, à que existia em relação a seu pai. Mas também aqui na Austrália, há muito ressentimento, raiva e até ódio contra o governo, especialmente no nível estadual.

É lamentável que essas atitudes estejam criando raízes entre os cristãos reformados. Essas atitudes não são bíblicas e não têm lugar na vida dos discípulos de Jesus. A frustração é compreensível, mas o desrespeito não é justificável. Nos últimos dois anos, tenho visto expressões de desrespeito que vão desde xingamentos a pedidos de derrubada revolucionária do governo. Há um espírito rebelde e revolucionário na sociedade e temo que muitos cristãos reformados tenham sido vítimas dele.

É bom voltar à nossa história e aprender como os crentes reformados no passado viveram sob governos frustrantes e até perigosos. Tomemos como exemplo Guido de Brès, autor da Confissão Belga. Ele viveu sob a tirania do rei Filipe II da Espanha. O rei Filipe viu como seu chamado promover a fé católica romana erradicando o protestantismo. As áreas sob seu domínio, especialmente no que hoje chamamos de Holanda e Bélgica, tiveram os maiores números de martírios no século XVI. Como um influente pastor reformado, Guido de Brès estava em sua “lista dos mais procurados” e eles eventualmente o prenderam e o enforcaram.

Guido de Brès escreveu mais do que apenas a Confissão Belga. Ele escreveu dois livros importantes, um contra os católicos romanos e outro contra os anabatistas. Este último foi intitulado La racine, source et fondement des Anabaptistes (A Raiz, Fonte e Fundação dos Anabatistas). Infelizmente, apenas uma pequena parte foi traduzida para o inglês e foi publicada em 1668. Neste livro, de Brès assume os erros de vários anabatistas em seis áreas. Uma dessas áreas tinha a ver com o governo.

O capítulo sobre o Magistrado trata especificamente de um ensinamento problemático de Menno Simons (o fundador dos menonitas): sua rejeição da pena capital. Simons argumentou que se um criminoso se arrependesse e se voltasse para o Senhor antes de sua execução, como outro cristão poderia matá-lo? Como isso refletiria o exemplo compassivo de Cristo, “o manso Cordeiro”? E se um criminoso impenitente tivesse sua vida terminada pela pena capital, seu arrependimento e fé seriam assim impedidos. Este capítulo em La racine é principalmente uma polêmica contra essa posição, argumentando que os governos de fato têm o direito e a responsabilidade de usar a espada para defender a justiça, independentemente do arrependimento do criminoso.

Por mais interessante que isso seja, eu olhei para este capítulo em termos do que de Brès escreve sobre a atitude cristã adequada em relação ao governo. Achei esta seção particularmente interessante:

Agora devemos observar diligentemente que São Paulo chama o Magistrado de “servo de Deus” e “ordenado por Deus” sete vezes. Pois o Espírito Santo quis falar assim, porque sabia que viriam contraditórios em tempos posteriores, que por seu orgulho queriam abolir e aniquilar inteiramente as autoridades que Deus havia estabelecido para o bem dos homens. E quando ele diz que os Magistrados são ordenados por Deus, é porque eles já foram ordenados por Deus através de sua palavra na igreja dos Patriarcas e Israelitas. Assim, somos levados a entender claramente que esta ordenança que Deus fez anteriormente sobre o Magistrado sobre seu povo se mantém hoje na Igreja de Cristo. Estou falando sobre o governo político neste lugar. 

Escrevendo a Tito, ele também o ordena dizendo: “Admoeste-os que se sujeitem aos principados e potestades, que obedeçam aos governadores, que estejam sempre prontos para toda boa obra, que não falem mal de ninguém” (Tit. 3:1-2). São Pedro também ensina o mesmo, dizendo: “Sujeitem-se a toda ordem humana por amor de Deus, ao Rei como superior, aos Governadores como os enviados por ele para castigar os malfeitores e louvar os bons; pois esta é a vontade de Deus” (1 Pe 2:13-15). No mesmo lugar: “Dê honra a todos, ame a fraternidade, tema a Deus, honre o Rei” (1 Pe 2:17). Todas essas sentenças apostólicas devem ser cuidadosamente consideradas, pois por elas vemos que os apóstolos reconhecem a autoridade e o poder primários dos magistrados. Nestes foram constituídos por Deus para ter poder para matar os malfeitores que lhes resistem. Por isso, Paulo diz aqui aos da Igreja: “Se você fizer algo errado, tenha medo. Pois o príncipe não carrega a espada em vão. Ele é o servo de Deus para trazer justiça e ira aos que praticam o mal” (Rm 13:4). Por “espada” o Apóstolo entende o poder da espada para tirar o sangue daqueles que o merecem.

Ao contrário de alguns dos anabatistas que eram revolucionários e sediciosos, de Brès defendia uma visão positiva do governo civil. Essa visão não era exclusiva de de Brès, mas simplesmente ecoava o ensino reformado padrão tanto na Holanda quanto em outros lugares. 

Há algumas coisas a serem observadas em relação a essa citação de La racine . 

Em primeiro lugar, observe como isso está bem fundamentado nas Escrituras. Isso é típico de de Brès em La racine e em seus outros escritos, incluindo a Confissão Belga. 

Em segundo lugar, o que ele escreve aqui é consistente com o que apareceu anteriormente no artigo 36 da Confissão.  La racine foi publicado em 1565; a Confissão Belga em 1561. Não houve mudança na abordagem positiva de de Brès aos magistrados civis. De Brès em 1565 ainda teria concordado com sua Confissão de 1561: “Além disso, todos – não importa de que qualidade, condição ou classificação – devem estar sujeitos aos oficiais civis, pagar impostos, mantê-los em honra e respeito, e obedecê-los em todas as coisas que não estão em desacordo com a Palavra de Deus.” 

A imutabilidade de sua posição está ligada à terceira consideração: entre 1561 e 1565, as coisas não melhoraram sob o rei Filipe II. Na verdade, eles se tornaram muito piores . Durante este período de tempo, de Brès estava vivendo em exílio auto-imposto na França; era muito perigoso para ele em sua terra natal, os Países Baixos. A tirania do rei Filipe II e seus subalternos só ficaram mais fortes e sua perseguição mais intensa. Mas, neste escrito final de de Brès sobre o governo civil, ele mantém a mesma atitude positiva de honra e respeito que fez na Confissão Belga. Um ano depois seria martirizado.

De Brès viveu e morreu sob verdadeira tirania. O que estamos vivenciando hoje não chega nem perto e sugerir que sim revela uma falta de consciência histórica. Mesmo que estejamos convencidos de que vivemos sob um governo tirânico, devemos tomar nota de La racine de de Brès e sua Confissão Belga. Ser revolucionário e antigovernamental não tem nada a ver com a Bíblia. Se você quer ser reformado (o que quer dizer ‘bíblico’), então seja anti-revolucionário. Seja contracultural – respeite seu governo e ore por eles, assim como as Escrituras nos ensinam a fazer.

Wes Bredenhof nasceu em Taber, Alberta, Canadá. Graduou-se com um grau de Bacharel em Artes pela Universidade de Alberta em Edmonton. Ele recebeu o grau de Mestre em Divindade do Seminário Teológico Reformado Canadense em Hamilton, Ontário. Ele também recebeu o Diploma de Missiologia da CRTS. Leia mais.

Fonte: https://bredenhof.ca/2022/02/01/reformed-anti-revolutionary/